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Artigos | Morte de si mesmo

PARTE 01 DE 02 - O chamado de Cristo para o discipulado é um chamado para a morte do eu, uma entrega absoluta a Deus. Jesus disse: "Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, dia a dia tome a sua cruz, e siga-me. Pois quem quiser salvar a sua vida perdê-la-á; quem perder a sua vida por minha causa, esse a salvará" (Lucas 9.23-24).



Da perspectiva do mundo, a franqueza de Cristo em chamar as pessoas para segui-lo parece ser exagerada. Hoje, se alguém quisesse "vender" um estilo de vida tão exigente, uma entrega tão total, provavelmente contrataria a firma mais sofisticada de publicidade para descrever detalhadamente, num folheto ilustrado com lindas fotografias coloridas, os benefícios de tal decisão. Ou então contrataria uma atriz glamurosa e a cercaria de figuras famosas, obviamente felizes pelo deleite e satisfação de sua nova vida em Cristo. Então ele captaria a mágica do momento no videoteipe, com a esperança de colocar o filme no ar no intervalo do programa de mais alto índice do IBOPE.



Mas Jesus é honesto e direto: para compartilhar sua glória, primeiro a pessoa terá de compartilhar de sua morte.



Jesus é Senhor dos senhores e Rei dos reis. E o Senhor do universo ordena que toda pessoa o siga. Seu chamado a Pedro e André (Mateus 4.18-19) e a Tiago e João (Mateus 4.21) foi uma ordem. "Segue-me" sempre tem sido uma ordem, nunca um convite (João 1.43).



Jesus nunca implorou que alguém o seguisse. Ele era embaraçosamente direto. Ele confrontou a mulher no poço com o seu adultério; a Nicodemos ele confrontou com seu orgulho intelectual e aos fariseus com sua auto-justificação. Ninguém pode interpretar "Arrependei-vos, porque está próximo o reino dos céus" como uma súplica (Mateus 4.17). Jesus ordenou a cada pessoa que renunciasse a seus próprios interesses, abandonasse seus pecados e obedecesse completamente a ele.



Quando o jovem rico recusou vender tudo o que possuía para segui-lo (Mateus 19.21), Jesus não foi correndo atrás dele tentando conseguir uma conciliação. Ele nunca diluiu o seu padrão. Jesus declarou apenas: "Se alguém me serve, siga-me" (João 12.26).



Jesus esperava obediência imediata. Ele não aceitava desculpas (Lucas 9.62). Quando um homem quis primeiro enterrar o pai antes de seguir a Cristo, ele replicou: "Segue-me, e deixa aos mortos o sepultar os seus próprios mortos" (Mateus 8.22). Homem algum recebeu louvor por ter obedecido à ordem de Cristo de segui-lo e tornar-se seu discípulo; era o que se esperava de todos. Jesus disse: "Assim também vós, depois de haverdes feito quanto vos foi ordenado, dizei: Somos servos inúteis, porque fizemos apenas o que devíamos fazer" (Lucas 17.10).



Sendo assim, quando é que você se torna um cristão, um discípulo de Cristo? Quando vai à frente em resposta a um apelo? quando se ajoelha diante do altar? Quando chora sinceramente? Nem sempre. Os seguidores originais de Cristo tornaram-se discípulos quando lhe obedeceram, quando "no mesmo instante, deixando o barco e seu pai, o seguiram" (Mateus 4.22).



A obediência à ordem de Cristo "segue-me" resulta na morte de si mesmo. O Cristianismo sem a morte de si mesmo é apenas uma filosofia abstrata. É um Cristianismo sem Cristo.



Talvez o erro mais fundamental cometido por muitos cristãos seja fazer distinção entre o receber a salvação e o tornar-se discípulo. Colocam as duas coisas em níveis diferentes de maturidade cristã, presumindo que é suficiente ser salvo sem fazer compromisso com as exigências mais radicais de Jesus como "tomar a sua cruz" e segui-lo (Mateus 10.38).



Essa ideia baseia-se na crença errada de que a salvação é principalmente para o benefício do homem - a fim de torná-lo feliz e evitar a condenação eterna.

Conquanto a salvação venha ao encontro da mais profunda necessidade do homem, essa ideia humanista de se fazer uma coisa para o próprio bem da pessoa ignora completamente a razão última pela qual Cristo morreu na cruz. Deus dá a salvação aos homens principalmente para trazer glória a ele através de um povo que tem o caráter de seu filho (Efésios 1.12). A glória de Deus é mais importante do que o bem-estar do homem (Isaías 43.7).



Ninguém que compreenda o propósito da salvação ousaria especular que uma pessoa pudesse ser salva sem aceitar o senhorio de Cristo. Cristo não pode ser o Senhor da minha vida se eu for o senhor dela. Para que Cristo esteja no controle, eu tenho de morrer.

Não posso tornar-me discípulo sem morrer para mim mesmo e sem me identificar com Cristo que morreu pelos meus pecados (Marcos 8.34). O discípulo segue o seu Mestre, até mesmo à cruz.



PARTE 02>



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