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Artigos | Morte de si mesmo

PARTE 02 DE 02 - Por muito tempo lutei por entender as implicações práticas de "morrer para si". Como esta auto-renúncia determinada se manifestaria em minha vida? Finalmente compreendi ao meditar em Gálatas 2.19, 20 que diz: "Estou crucificado com Cristo; logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim..."



Suponhamos que no dia primeiro de janeiro eu estava sobrevoando o Kansas quando o avião explodiu. Meu corpo caiu ao chão e morri com o impacto. Dentro de algum tempo um fazendeiro encontrou meu corpo. Não havia pulso, nenhuma batida do coração, nem fôlego. Meu corpo estava frio. Era óbvio que eu estava morto. O fazendeiro fez então uma cova. Mas ao colocar o meu corpo na terra, o dia já estava escuro demais para cobri-lo. Resolvendo que terminaria o trabalho na manhã seguinte, ele volta para casa.



Então Cristo vem e me diz: "Keith, você está morto. Sua vida sobre a terra acabou. Mas eu soprarei um fôlego de nova vida em você se você prometer fazer qualquer coisa que eu pedir e ir a qualquer lugar que eu mandar."



Minha reação imediata foi: "De maneira nenhuma. Isso é irrazoável. É escravidão." Mas então reconhecendo que não estava em posição de regatear, sincera e rapidamente assenti.



Instantaneamente, os pulmões, o coração e os demais órgãos vitais começaram a funcionar novamente. Voltei à vida. Nasci de novo! Daquele momento em diante, não importava o que Cristo pedisse de mim, ou aonde ele me mandasse, eu estava mais que disposto. Nenhuma tarefa seria por demais difícil, nenhum horário cansativo demais, nenhum lugar perigoso demais. Nada era irrazoável. Por quê? Porque eu não tinha direito sobre minha vida; estava vivendo com tempo emprestado, o tempo de Cristo.



Keith morreu a primeiro de janeiro num milharal do Kansas. Então, eu podia dizer com Paulo: "Estou crucificado (morri) com Cristo; já não sou eu (Keith) quem vive, mas Cristo vive em mim..."



É isso que significa morrer para si e nascer de novo. A ordem de Cristo "Segue-me" é um mandado para participar de sua morte a fim de experimentar nova vida. Você se torna um morto-vivo totalmente consagrado a ele.



Um grande paradoxo da vida está em que existe imensa liberdade nesta morte. O morto já não se preocupa com seus próprios direitos, sua independência ou com as opiniões dos outros a seu respeito. Ao unir-se espiritualmente ao Cristo crucificado, as coisas que o mundo tanto almeja - riquezas, segurança e status - perderam o valor. "E os que são de Cristo Jesus crucificaram a carne, com as suas concupiscências" (Gálatas 5.24). A pessoa que toma a cruz, que está crucificada com Cristo, não fica ansiosa pelo amanhã porque o seu futuro se encontra nas mãos de outro.



Certo operário sonhava em realizar um ministério ousado nas ruas. Mas quando os milagres pelos quais ansiava não aconteceram, ele recorreu a fantasias, distorcendo encontros e criando eventos imaginários, esperando conseguir o respeito das outras pessoas. Ele tornou-se escravo de suas visões de grandeza, cativo de suas próprias esperanças.



Sua motivação subconsciente era ganhar o respeito e a admiração do mundo cristão através de feitos heroicos para o reino. Suas paixões, seus sonhos e suas visões nunca foram crucificados. Ele nunca foi liberto da pressão de ser um sucesso e de produzir. Nunca experimentou a liberdade que vem de não ter de provar nada, não ter nada que perder. Ele tinha uma ideia distorcida do discipulado. Queria servir a Deus para que ele pudesse obter glória.



Contrastando, o morto é liberto a fim de fazer todas as coisas para a glória de Deus (Romanos 8.10). Ele coloca tudo o que tem e tudo o que é à disposição permanente de Deus. Sua submissão ao senhorio de Cristo capacita-lo a agradar a Deus em cada decisão que toma, em cada palavra que diz e em cada pensamento que pensa. O discípulo vê toda a sua vida e todo o seu ministério como adoração (1 Coríntios 10.31). Morrer para si mesmo liberta-o para ter prazer em seu amor a Deus.



A morte para si mesmo é precursor essencial do tornar-se discípulo. Qualquer pessoa que não tenha experimentado a morte do eu não pode se qualificar como elo legítimo no processo de discipulado porque é incapaz de reproduzir. Jesus ensinou: "Se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas se morrer, produz muito fruto" (João 12.24). Sem reprodução não existe discipulado.



Texto do livro A Formação De Um Discípulo por Keith Phillips, editora Vida, 17ª impressão, 2005, São Paulo SP.









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