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Artigos | O que me impede?

Desde que o mundo é mundo a humanidade tem sido assolada pelo que denominamos ansiedade. Com o passar do tempo muita coisa mudou, mas esse fenômeno continua a fazer parte de nossas vidas.


O estado ansioso pode ser caracterizado pela presença de alguns fatores como: inquietação, palpitações, sudorese ou opressão no peito, náuseas, vômitos, diarreia, mal estar respiratório, tensão muscular. Esses são sintomas comuns ao que denominamos transtorno de ansiedade, embora a intensidade e a variedade dos sintomas possa variar de uma pessoa para outra.


A ansiedade não é um transtorno criado apenas para atrapalhar nossa vida, ao contrário, em um nível de intensidade controlado ela pode nos ser muito benéfica, pois é a ansiedade quem nos impulsiona a executar nossas tarefas diariamente da melhor forma possível.


Acredito que todos conheçam a história de Abraão, nosso pai na fé, ela é relatada no livro de Gênesis e nos ajudará a entender como a ansiedade pode ser ambígua em nós. Após muitos anos a esperar o cumprimento da promessa de Deus em suas vidas, Abraão e Sara, sua esposa, ansiosos por viver essa promessa concordam que a melhor decisão a se tomar, considerando que já estavam avançados em idade, era que ele coabitasse com Agar, serva de Sara para que essa lhes desse um filho, com essa decisão caminham por um atalho, com o objetivo de viver a promessa mais rápido, pois estavam ansiosos, inquietos, tensos por esse momento. O plano segue conforme idealizado e após coabitar com Agar, ela engravida.

Então Abraão e Sara percebem que trilharam um caminho que aparentemente os levaria para o cumprimento da promessa, mas que se transformou em pesar, pois a serva passa a humilhar Sara, e Abraão não sente-se pleno em felicidade, pois seu desejo, e  a promessa de Deus, era que ambos gerariam um filho e não fora essa a realidade vivida por eles. Após alguns anos eles viveram o gozo da felicidade plena de Deus com o nascimento de Isaque, porém, precisaram passar por momentos muito tristes e difíceis, não porque estiveram ansiosos, mas porque permitiram que suas decisões fossem guiadas pela ansiedade.


O mesmo acontece conosco, todos temos sonhos e projetos e ansiamos que se tornem reais, principalmente quando entendemos que esses também são os sonhos e planos do coração de Deus para nós, pois isso sustenta nossa fé que a felicidade será plena, e passamos a caminhar com esse objetivo dia a dia, fazendo a nossa parte para poder vivê-lo completamente, e entendemos que é isso que Deus quer de nós.

Contudo, muitas vezes a resposta de Deus para nós difere do "sim" ou "não" e, nesse momento, Ele nos diz "espere", e ao percebermos que se passou algum tempo e a promessa ainda não se tornou real, ficamos ansiosos e julgamos que não devemos estar apáticos a concretização desse sonho, decidimos fazer algo para torná-lo real o quanto antes. É nesse momento que nos deixamos ser guiados pela ansiedade e, sem que percebamos, a cada passo nos afastamos mais do nosso objetivo original, logo nos sentimos tristes e frustrados como Abraão ao vermos que não estamos vivendo em plenitude o que há tempos esperávamos; e o sentimento é de confusão por não sabermos qual rumo tomar para mudar nossa sorte naquele momento.


Um pouco mais adiante na história de Abraão, após o nascimento de Isaque, vemos que ele lida com a ansiedade de forma diferente, e vive um final muito diferente do que comentamos anteriormente. Deus pede a Abraão que lhe dê seu único filho em sacrifício, e Abraão em um ato de obediência, de quem aprendeu que se a ansiedade nos guiar podemos perder tudo, chama seu filho, um servo e as coisas para o sacrifício e começam a subir o monte, em todas as vezes em que foi questionado por seu filho: "onde estava o cordeiro" lhe dava a mesma resposta, lhe dizia: "Deus proverá". A história nos conta que no momento em que o altar estava pronto para o sacrifício Deus provê para si um cordeiro e Abraão retorna para casa com seu filho.

Como é bom quando conseguimos conter nossa ansiedade frente a situações adversas. É bem verdade que não é uma tarefa fácil, mas um exercício diário para todos nós. Uma forma bastante eficaz de tentar conter a ansiedade pode ser redirecionar a energia focada no fato ou ato que gera ansiedade em outras coisas e/ou direções, exercício físico também pode ajudar.


Com isso podemos perceber que a ansiedade não é algo ruim que nos cerca, na verdade a ansiedade é um sentimento comum a todas as pessoas, e sem excesso pode nos beneficiar de diversas formas, pois é a ansiedade a responsável pelo impulso de avançar frente às atividades propostas por nós mesmos e por outros a nós, portanto, é muito importante para todos. Em um nível excessivo ela pode se tornar patológica, o que nos preocupa é que nesse caso ela pode nos paralisar frente a situações em que é preciso fuga, ou agir em situações em que é preciso parar, e por isso pode nos causar prejuízos.


Muitas vezes, mesmo sendo mulheres e homens de fé, nos sentimos ansiosos e nesses momentos se torna difícil a tarefa de esperar para pensar e decidir com calma, então a probabilidade de escolhas erradas ou que podem causar frustração cresce muito. 
Se conseguirmos entender que o esperar pode ser valioso numa época em que o imediatismo impera sobre todos, já estamos a caminho de uma vida de descanso em Deus.



Um dos fatores que nos impedem de conquistar a vitória é a ansiedade, pois decidimos buscar atalhos que, em sua maioria, nos desviarão do caminho, ou podemos escolher ficar parados frente ao que vier, o que nos impedirá de lutar por nosso objetivo. Nenhum dos dois extremos é bom, o ideal é que consigamos manter a ansiedade no nível benéfico que nos estimula a reagir diante de situações que possam surgir, a procurar dar o seu melhor numa tarefa etc.
Estejamos atentos para não nos enganarmos e assim não nos perdermos e não nos frustrarmos.


Vamos vencer!

















Natália Bianchini é psicóloga, professora, mãe de Isaac e Sara, líder do Aviva Kids e cristã.

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